Thais Lira lança seu livro de estreia pela Têmpora Editora

Lançamento do livro de poemas Vocativo — Enunciação de um corpo, de Thais Lira

Na próxima sexta-feira, dia 17 de dezembro, realizaremos o primeiro evento presencial na nova sede da Têmpora Criativa! Trata-se do lançamento livro de poemas Vocativo — Enunciação de um corpo, escrito pela poeta Thais Lira e editado pela Têmpora Editora.

O lançamento começará às 18h e terá cerca de duas horas de duração. Serão tomados todos os cuidados com os protocolos sanitários e o uso de máscara será obrigatório.

Thais nos contou que os poemas foram escritos ao longo dos anos e representam momentos diferentes da vida dela. “Desde a fase em que a escrita era apenas um delírio até o maior cuidado com a estrutura poética”, complementa.

A escritora participou da segunda edição da oficina de criação literária Olhares Empoderados, ministrada pela Mylle de março a maio de 2021. Quando perguntada sobre o seu processo criativo, ela o descreve como explosivo, quase uma psicografia. “O que me toca e mexe comigo precisa ser escrito, às vezes rimado”.

O gosto pela escrita acompanha Thais desde longa data, mas ela tinha dificuldade de pensar sobre isso com seriedade. “Hoje penso que essa é minha voz, pode ser lapidada, evoluir, mas não deixa de ser minha, uma íntima expressão”.

Com poemas que abordam a psiquê, o feminino e as relações humanas, Vocativo — Enunciação de um corpo é composto por 68 poemas distribuídos em cinco partes, cinco estados de espírito distintos — um convite ao passeio de fora para dentro em conflitos humanos e atuais.

Além da edição impressa, o livro também já está disponível em formato digital. Leia abaixo os poemas Poema Vermelho e Traço. 

Mas antes aproveite para acompanhar o trabalho da autora no Instagram (@thaisliraadorno).

Poema Vermelho

escolho tomar veneno
para lhe machucar
mas não faz sentido
por que quero 
te matar?

Por que você veio
dentro aqui morar?

Eu que não sei
de dentro e fora a diferença
quero lhe expulsar
Mas como com você
estou colada
não sei bem em quem
tenho que mirar

Se eu te apagar
você leva embora
essa dor sem cessar?

Vamos
me deixe ir 
agora
não quero me atrasar

Se eu soubesse
onde acabo 
e você começa
não precisaria
nos rasgar

Não
não me impeça
me deixe continuar

Isso
que não tem remédio
isso
que não tem nome
isso
que nunca dorme
sou eu
tentando me separar

Fazer borda
é algo violento

Mas quando eu conseguir
me destacar de você


poderei ser
e não precisarei 
mais 
sangrar
Traço

O traço fino da folha de papel
não se se é traço, ou corte
aquele risco
costura ou morde?

A linha escreve
ou nos enlaça?
amordaça
ou cala?

Ela parou no meio da folha
não sabe para onde vai
não sabe se se veste de beleza
e vira letra
ou se casa com outras linhas
e vira abstração

Talvez se esparrame
em queda livre
e vire silêncio

Talvez o desejo da linha
é dançar
e brincar de sentido
onde não se pode amar

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