Seis lições que aprendemos em seis meses de newsletter

Seis lições que aprendemos em seis meses de newsletter

Há exatamente vinte e seis semanas, nós enviamos a primeira edição da newsletter Lambrequim

A partir de uma simples lista de e-mails, reunida através da distribuição de conteúdos, das oficinas ministradas e de conhecidos, começamos a construir uma nova rotina — tanto para nós quanto para nossos leitores. 

A lógica foi simples: nos comprometemos a produzir, toda semana, conteúdos para enviar uma newsletter na quarta-feira de manhã.

Além do óbvio — que é o tempo necessário para pesquisar, escrever, diagramar e distribuir o Lambrequim — tínhamos receio de fracassar

Mesmo acreditando no potencial de uma newsletter, é impossível saber o que funciona e o que precisa ser melhorado sem antes tentar.

E foi assim que, entre tentativas e erros, aprendemos um pouquinho sobre como manter uma newsletter semanal e com leitores fiéis. 

Sim, você que abre nossos e-mails toda semana e está lendo esse texto agora é muito importante para nós. Você nos motiva a continuar escrevendo, aprendendo e aprimorando esse espaço.

Pensando em tudo isso e bem ao estilo Maria Popova, decidimos partilhar seis lições que aprendemos ao longo das vinte e seis edições de Lambrequim.

1. Nos libertamos dos números

Saber quantas pessoas abriram o e-mail e quantas delas clicaram nos links que colocamos em cada uma das edições do Lambrequim pode gerar ainda mais expectativas do que uma postagem na rede social. Afinal, quanto maior o investimento de energia, maior o retorno esperado.

Por isso, ao longo desses seis meses, nós acabamos aprendendo a desapegar das estatísticas de cada edição e passamos a apreciar a produção do conteúdo. 

Manter uma newsletter semanal é um projeto de longo prazo sem data definida para terminar, então apegar-se a estatísticas isoladas só atrapalha a continuidade do trabalho.

Dessa forma, paramos de olhar quantas pessoas leram a edição da semana uma hora depois de tê-la enviado e passamos a checar as estatísticas sem o peso da expectativa.

2. Descobrimos que vale a pena se comprometer

Duvidamos, é claro que sim. Duvidamos que seríamos capazes de manter uma newsletter semanal. Na terceira edição, a empolgação inicial tinha passado e tivemos vontade de desistir. 

No entanto, não desistimos — e não desistir foi mais satisfatório.

Hoje, a satisfação de saber que fomos capazes de começar um projeto e seguir em frente nos faz sonhar com produções de longo prazo ainda maiores.

Parece bobo, mas é verdade — em especial quando há muita dúvida e pouco tempo disponível. 

Atualmente, somando as horas de trabalho do Menin e da Mylle, o Lambrequim leva de oito a doze horas para ser produzido — e acredite, manter tanto o ritmo quanto a disponibilidade de produção ao longo dos meses, é desafiador.

Mesmo assim, valeu a pena atravessar o limiar da incerteza e se jogar de cabeça no projeto. O tempo, como disse o Austin Kleon no livro Mostre seu trabalho, a gente encontra nas frestas. Já o comprometimento, esse tem que vir de dentro, do misto do amor ao trabalho e da resiliência para continuar — mesmo quando as coisas não saem como esperamos.

Quando olhamos para tudo o que produzimos e para a estabilidade no número de leitores semanais ao longo dos seis meses de Lambrequim, sabemos que o trabalho valeu a pena.

3. Encontramos vida além das redes sociais

De mãos dadas com o medo de não dar conta está o receio de não ser lido. Será que alguém vai dedicar tempo lendo o Lambrequim?, é a dúvida que vai e volta no ar.

Nós decidimos ir na contramão dos gurus de internet e suas técnicas de gatilhos mentais, técnicas de engajamento e outras porcarias. O nosso trabalho no Lambrequim é produzir o melhor conteúdo que pudermos naquela semana, e fim de papo.

Produzir conteúdos opinativos, relevantes e, muitas vezes, de cunho pessoal, pode não render milhares de visualizações, mas não é isso que nos importa. O que nos importa é falar com pessoas, e não com estatísticas. 

Nós sabemos quem abriu cada um dos nossos e-mails. Nós olhamos essa lista de nomes e nos lembramos das pessoas, pensamos nelas. Pensamos em indivíduos ao invés de uma massa representada por um número. E isso é mágico. 

4. Seguimos experimentando

Depois de vencida a fase da desistência, veio a fase da busca de uma voz. 

Nós tínhamos um planejamento para o Lambrequim, um planejamento que parecia perfeito antes de começarmos a trabalhar. No entanto, não era. Ao percebermos isso, não tivemos receio de ir adequando assuntos, colunas e formas de produção ao longo do caminho.

Foi uma tarefa árdua encontrar o tom que queríamos dar para a newsletter. O que nos ajudou muito foi focar em assuntos que nos interessam. Passamos a falar sobre o que lemos, o que pesquisamos; sobre conhecimentos e reflexões que possam ressoar em outras pessoas.

Apesar do design do Lambrequim não ter mudado muito nessas 26 edições, sabemos que nosso texto melhorou, nossa curadoria melhorou, nossas formas de cruzar e apresentar as assuntos melhorou. Tudo isso nos ajudou a ter mais clareza sobre onde queremos chegar, de fato, com a newsletter.

Agora que descobrimos a nossa voz, estamos cheios de ideias para ampliá-la.

5. Encontramos leitores de conteúdos duradouros

A internet que a gente quer é feita de menos imediatismo e mais aprofundamento — e o Lambrequim nasceu para contribuir, nem que seja um tiquinho, para que isso aconteça.

Começamos uma newsletter com o intuito de escapar da dependência das redes sociais. Isso porque, além de querer fugir do deus algoritmo, nós queríamos escrever textos que durassem muito mais do que o tempo da timeline.

Em um mundo onde tudo vira stories, tiktoks e trocas de mensagens, escrever textos de mil palavras (ou mais!) que não foram pensados para rankear no topo das buscas do Google soa como um tiro no pé — mas é exatamente isso que estamos fazendo aqui.

Queremos ser lidos? É claro que sim! Mas queremos ser lidos por pessoas que tenham interesse genuíno pelo que escrevemos. Escolhemos a qualidade dos leitores em detrimento da quantidade; o projeto de longo prazo ao invés da lacração que viraliza. 

Escrevemos apenas sobre assuntos do nosso filtro de interesses, que consideramos relevantes e duradouros — e sem precisar nos preocupar com nenhuma métrica ou técnica chata de marketing digital. Sem dúvida, cada nova leitura, para nós, é uma vitória. 

6. Perdemos o medo de não ter o que dizer

Entre todos os receios que tínhamos ao começar uma newsletter semanal, esse era o mais perigoso: ficar sem assunto.

Passada a empolgação, a vontade de desistir e o período da busca de uma voz (que, somados, devem ter durado umas doze edições do Lambrequim), eis que a magia começou a acontecer: o assunto veio sozinho até nós.

De repente, começamos a prestar atenção em tudo que poderia ser usado como fonte para a próxima newsletter. Semana a semana, nosso olhar fica mais afiado e a construção do Lambrequim mais intrincada com o que estamos recebendo e refletindo no momento.

Escrever sobre os assuntos que nos interessam e que acreditamos que ressoarão em outras pessoas foi a nossa forma de manter a fonte de ideias funcionando

Escolhemos um caminho, um caminho complicado, porém condizente com os nossos valores. Decidimos ignorar a relevância no Google ou nas redes sociais para ter relevância na vida dos leitores.

Em troca, estamos há vinte e seis semanas consecutivas escrevendo, enviando o Lambrequim e, mesmo assim, continuamos cheios de ideias para partilhar.

Rumo às próximas lições 

Temos muito orgulho da jornada do Lambrequim até agora, mas sabemos que esse foi apenas o começo de uma longa caminhada. Assim como temos muitos planos, temos muito — muito mesmo — para aprender e aprimorar.

Acreditamos que manter uma newsletter é a melhor forma de comunicação com os leitores na internet. Além da relação ser mais humana do que nas redes sociais, temos mais liberdade na escolha dos assuntos, independência de sistemas de terceiros e controle sobre nossa lista de contatos.

Ironicamente, enquanto a Mylle escrevia esse artigo, o whatsapp, o instagram, o facebook e o telegram estavam fora do ar — e ela nem percebeu. Estamos todos viciados e dependentes de sistemas frágeis controlados por uma megaempresa — e isso ficou mais do que provado nesse incidente. 

Se você escreve e sente vontade de produzir uma newsletter, deixamos um conselho: comece agora. Ao invés de ficar dependente de plataformas alheias, instáveis e que só querem sugar seu dinheiro, crie o seu espaço no binário. Vamos construir juntos espaços humanos e de reflexão, mesmo que virtuais.

Agora, se depois de saber tudo o que aprendemos em seis meses de newsletter você ficou morrendo de vontade de receber o Lambrequim no seu e-mail, é só visitar www.lambrequim.com.br/assine e esperar até quarta-feira de manhã.

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