Concurso
de Contos
Fantásticos

até 30 contos selecionados

de 700 a 1500 palavras

livro impresso!

(editado pelo nosso conselho editorial)

astronauta

A TÊMPORA EDITORA, no intuito de incentivar a escrita literária e colaborar com a difusão da arte e cultura brasileiras, torna público o EDITAL 001/2023, que visa a divulgar o regulamento do I CONCURSO DE CONTOS FANTÁSTICOS.

O Concurso de Contos Fantásticos destina-se a escritoras e escritores maiores de 18 anos, iniciantes ou não, que redijam em língua portuguesa contos inéditos sobre a temática delimitada.

inscrições de 08 de março a 08 de abril de 2023

resultados até 01 de julho de 2023

julia

Júlia Lopes
de Almeida

autora homenageada

Uma das maiores romancistas do Brasil, também pioneira na literatura infantil.

Júlia obteve destaque também nas narrativas curtas e de caráter sobrenatural.

Seus contos passeiam pela narrativa fantástica, criando caminhos estranhos e surpreendentes.

INSPIRE-SE

A CASA DOS MORTOS
(TRECHO DE JULIA LOPES DE ALMEIDA)

(…) Perto de mim um homem, embuçado como um esquimó, tirou da cabeça um fardo e pousou-o no chão; depois, voltando-se, disse-me com uma voz soluçada como o vento na ramaria de um salgueiro: – Porque viste atrás de mim? Esta é a casa dos mortos. Vai-te embora! A estrada negra é proibida aos vivos; és a primeira que a percorre toda sem ter morrido… Sombras esparsas iam tomando formas humanas e vinham curiosas, lentas, resvalando, debruçarem-se sobre meu corpo, em atitude de espanto. Eu resistia ao pavor e sôfrega perscrutar tudo, em busca daquela que me deu a vida, que me enchia as faces de beijos, que me embalava com as suas palavras mais cheirosas que o mel das abelhas em tronco de especiaria. – Quem procuras? – perguntou o mesmo homem, cujos traços eu não percebia sob a projeção do capuz. – Minha mãe. O som da minha voz fez fugir em revoada todas aquelas figuras de névoa… (…)

A FUGA
(TRECHO DE AUTORIA DESCONHECIDA)

(…) A fila dava volta no quarteirão. Para cada três humanos havia cinco andróides, e cada andróide trazia pela mão um metamorfo. Olhando de perto, porém, eram todos iguais. Quanto mais me aproximava da fila, menos os distinguia. Quem seria de carne e osso, quem de metal, quem si-mesmo ou outro ? Alguém gritou desesperadamente, houve um princípio de confusão, armas para o alto. Agarrei-me à corda que nos delimitava a todos, quem for mais forte sobrevive, sempre foi e sempre será assim. A nave é uma pocilga, mas há limite de vagas. Não fico mais um dia aqui, alguém comenta, o inferno de Ganímedes é pior do que a Terra jamais foi. Ninguém sabe para onde a nave vai (Himalia? Tebe? talvez Plutão?), mas até um dróide sabe que qualquer planeta rebaixado é melhor do que essa colônia de horrores. Há um ruído massacrante, poeira levantando: os motores roncam a partida. Ninguém mais é cordial, ninguém mais aguarda: tudo é algazarra, medo. No céu, as luas todas seguem reverberando a luz de alguma estrela longínqua; no chão, sangue e fluído se misturam em meio à batalha para conseguir escapar (…)

O LINK DO HORROR
(TRECHO DE AUTORIA DESCONHECIDA)

(…) Maria Alice divagava na rede social. Já não sabia se dormira acordada ou acordara sonhando. O dedo de scroll já cansava, mas nada de bom realmente aparecia. Lá fora chovia, e um raio talvez cruzasse a noite antes negra. Maria Alice seguia, onírica e solitária na cama em que quase dormia. O dedo latejava, o scroll afinal é infinito. Súbito, sua timeline jamais seria a mesma: era mesmo um concurso de contos? Contos fantásticos? Seu dedo travou. Deu like. Até respirou, outro raio cruzou talvez a noite. Havia tempo: mas cadê o link? Maria Alice não o achava em canto algum. Vasculhou a rede, procurou nos comentários e nada: onde estava o maldito link de inscrição? Queria (precisava?) participar do tal concurso, escrever e inscrever seu conto fantástico, mas cadê o link? A rede a desafiava agora, como se de dentro para fora, como se o algoritmo sonhasse. Desinstalou o programa, reiniciou o celular (o notebook?), e finalmente o encontrou: soberano, aguardando-a, estava lá o link, ponte para algo como todo link é. Maria Alice tentou, e tentou, mas o dedo agora não se move, não permite o contato da ponta de seu polegar com o touchscreen, impedindo a ação de se concretizar. Maldito algoritmo, maldita noite de chuva, estarei sonhando? Paralisada, sonâmbula, Maria Alice agora (…)