O LINK DO HORROR
(TRECHO DE AUTORIA DESCONHECIDA)
(…) Maria Alice divagava na rede social. Já não sabia se dormira acordada ou acordara sonhando. O dedo de scroll já cansava, mas nada de bom realmente aparecia. Lá fora chovia, e um raio talvez cruzasse a noite antes negra. Maria Alice seguia, onírica e solitária na cama em que quase dormia. O dedo latejava, o scroll afinal é infinito. Súbito, sua timeline jamais seria a mesma: era mesmo um concurso de contos? Contos fantásticos? Seu dedo travou. Deu like. Até respirou, outro raio cruzou talvez a noite. Havia tempo: mas cadê o link? Maria Alice não o achava em canto algum. Vasculhou a rede, procurou nos comentários e nada: onde estava o maldito link de inscrição? Queria (precisava?) participar do tal concurso, escrever e inscrever seu conto fantástico, mas cadê o link? A rede a desafiava agora, como se de dentro para fora, como se o algoritmo sonhasse. Desinstalou o programa, reiniciou o celular (o notebook?), e finalmente o encontrou: soberano, aguardando-a, estava lá o link, ponte para algo como todo link é. Maria Alice tentou, e tentou, mas o dedo agora não se move, não permite o contato da ponta de seu polegar com o touchscreen, impedindo a ação de se concretizar. Maldito algoritmo, maldita noite de chuva, estarei sonhando? Paralisada, sonâmbula, Maria Alice agora (…)