80 anos de Claudio Seto, o primeiro autor brasileiro de mangá (Mylle Pampuch)

80 anos de Claudio Seto, o primeiro autor brasileiro de mangá

Mylle Pampuch

Mylle Pampuch

Roteirista de HQs e escritora. Mestranda em Estudos de Linguagens pela UTFPR

Kanpai! Banzai!

Hoje, dia 22 de julho de 2024, comemoramos os 80 anos do nascimento de Claudio Seto, o primeiro autor brasileiro de mangá! Seu coração generoso e seu olhar visionário entregaram para o mundo uma série de ideias e obras que seguem influenciando artistas e admiradores em todo o Brasil.

Para celebrar essa data, escrevi uma breve biografia de Claudio Seto e selecionei alguns links e publicações para aqueles que querem conhecer ainda mais sobre o primeiro mangaká brasileiro.

Quem foi Claudio Seto

Chuji Seto Takeguma, como foi batizado, nasceu em 1944 na cidade de Guaiçara, interior de São Paulo. Aos seis anos, seu avô, Noriyassu Seto, lhe apresentou o mundo dos haicais (poemas curtos japoneses) depois que o pequeno Seto quebrou um espelho enquanto jogava futebol com os irmãos dentro do quarto do avô. 

“Espelho quebrado
Vaidade em cacos 
Eis que surge o Monte Fuji”

O texto do haicai se misturava com as folhas de uma grande árvore, também desenhada pelo avô na mesma ocasião. Começou aí o interesse de Claudio Seto pela relação palavra-imagem. Depois desse episódio, Seto nunca pararia de desenhar e pintar.

Foi ainda na infância que teve contato intenso com os mangás, comumente usados pelos imigrantes como forma de manter as crianças em contato com a língua e a cultura japonesas. Mas Seto foi além, e começou a estudar também a linguagem dos quadrinhos contida naquelas páginas, que influenciaria todo o seu trabalho artístico.

Aos 23 anos, depois de algumas experiências como ilustrador publicitário, Seto começou a publicar suas HQs na editora Edrel, do também jovem Minami Keizi. Assim como Seto, Minami era apaixonado pelos mangás, e reconheceu de imediato o potencial de Seto. Juntos, eles lançaram títulos como O Samurai, Maria Erótica, Ninja e Flavo — todas com um toque de erotismo —, até o fim da editora, em 1974. Nesta época, Seto declarou que já havia desenhado cerca de 6 mil páginas de quadrinhos.

No ano seguinte, Seto chegou a Curitiba, cidade na qual viveria pelo resto da vida. Em 1978, se tornaou editor da editora Grafipar, onde continuou publicando HQs com influência dos mangás e cunho erótico, chegando a atrair artistas de outras cidades para morar em Curitiba, na Vila dos Quadrinistas.

Após o fim da Grafipar, em 1984, Seto já estava envolvido com as artes plásticas e com o jornalismo, se dividindo entre exposições individuais e coletivas, ilustrações para o jornal Correio de Notícias e a comunidade japonesa de Curitiba. Mesmo continuando a desenhar, as HQs foram dando lugar a outros estilos, com destaque para as charges políticas.

A partir dos anos 1990, Seto começou a trabalhar como ilustrador e chargista para os jornais O Estado do Paraná e Tribuna no Paraná e esteve envolvido em manifestações culturais importantes para Curitiba. A Praça do Japão, hoje um dos pontos turísticos mais representativos da cidade, e os festivais japoneses Imin Matsuri e Haru Matsuri, estão entre suas criações. Foi nessa época também que ele ministrou oficinas de desenho no Gibiteca de Curitiba, ajudando a formar novas gerações de quadrinistas curitibanos.

Seto fez muitos amigos por todos os lugares que passou e deixou muita saudade com sua partida repentina, em novembro de 2008. Mas o tamanho da saudade é também o tamanho da celebração que fazemos por tudo que esse mestre mangaká nos deixou.

Para saber mais sobre Claudio Seto

A pesquisa continua

Em 2024, iniciei uma pesquisa sobre Claudio Seto, com o intuito de escrever uma história em quadrinhos contando um pouco sobre a trajetória artística dele. Nessa busca, explorei as capas do jornal Tribuna do Paraná em busca das reconstituições de crimes feitas por ele para o veículo. Você pode conferir um pedacinho dessa pesquisa aqui e aqui.

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